A Câmara Municipal de Mogi das Cruzes rejeitou o pedido de cassação do mandato da vereadora Inês Paz (PSOL), que foi encaminhado à Casa de Leis na tarde desta terça-feira (24), pouco antes da sessão, e foi lido nesta quarta-feira (25) pela mesa diretiva. A votação foi de 13 votos contrários a 8 votos favoráveis. A alegação para a rejeição é a de que este processo contra a vereadora, que se refere a uma denúncia de rachadinha feita por uma ex-funcionária, já está sendo investigado pelo Ministério Público.
Inês disse, após a leitura do pedido de cassação, que ´estava tranquila`, justamente porque o caso já está em investigação no MP. ´Recebo com tranquilidade porque tudo que precisamos dizer e provar já está sendo feito junto ao Ministério Público, que é o órgão responsável por isso mesmo. Esse pedido tem motivação puramente política`, afirmou.
A Vanguarda apurou, nos bastidores, que os vereadores da base do prefeito Caio Cunha (Podemos) haviam acordado de votar contra o pedido de cassação por entenderem que o MP já estaria fazendo a apuração da denúncia, mas, por algum motivo, mudaram de postura e votaram à favor.
Curioso foi o caso da vereadora Fernanda Moreno, que é do MDB, mas ferrenha defensora de Cunha na Câmara. De forma inflamada, antes de começar a votação, ela se dirigiu à Imprensa presente na sessão e falou: ´Na hora de aprovar a cassação do prefeito pode, agora vocês tem que noticiar também a cassação dela`, e saiu andando, não respondendo aos jornalistas que ficaram sem entender do que ela estava falando, já que todos estavam ali para noticiar os fatos.
Depois, Fernanda pediu a palavra para dizer que votaria à favor da aprovação do pedido de cassação e, mais uma vez, comparou o caso de Caio Cunha com o da vereadora – aliás, casos incomparáveis, já que a denúncia contra o prefeito por nepotismo foi feita diretamente à Câmara e a de Inês, ao Ministério Público. Mas Fernanda, que pouco usa os microfones da Câmara para se manifestar, foi fazer a ´defesa` de Cunha de forma veemente e disse que ´não passaria pano para a Inês`.
Vereadora Fernanda Moreno/CMMC
A leitura, de todos, de que o pedido de cassação da vereadora Inês Paz foi meramente político e vindo do grupo aliado à Cunha se reforça quando, antes mesmo da sessão, o mogiano Silvio Marques (PRTB), que teve sua candidatura indeferida por estar cumprindo pena de prisão em regime aberto na modalidade domiciliar, foi até a frente da Câmara com um megafone e começou a falar que os vereadores tinham de ler o pedido de cassação contra Inês, a quem chamou de ´Inês PIX`e gritava, sozinho, coisas como ´Está vendo prefeito Caio Cunha, o pedido de cassação contra você esses vereadores aceitaram, mas não quiseram ler o da Inês PIX na sessão de ontem` ou ´Injustiça com o prefeito Caio os vereadores não mexerem a bunda (SIC) para aceitar o pedido contra a Inês PIX`, também adotando uma linha de ferrenha comparação de um caso com o outro e defesa do prefeito.
Silvio Marques/ Foto: Sabrina Pacca
Após a votação, o pedido de cassação contra Inês foi arquivado, mas segue o processo no Ministério Público. Em 2003, na primeira gestão de Inês, ela chegou a ter seu mandato cassado pela mesma alegação.