
Por Sabrina Pacca
O volume das barragens que compõe o Sistema Produtor do Alto Tietê é o mais baixo em cinco anos. No Dia Mundial da Água, comemorado neste sábado (22), as represas operam com preocupantes 45,8% de capacidade. No mesmo dia, em 2020, o sistema, composto por cinco barragens, estava com um volume de 90,2%, uma diferença de 44,4 pontos percentuais.
A barragem de Paraitinga, localizada em Salesópolis, tem uma capacidade de 36,728 milhões de metros cúbicos de água e uma área inundada de 187,60 hectares. Em 22 de março de 2o2o, ela operava com um volume de 99,02% e, hoje, está com 69,88%. Já a barragem de Ponte Nova, abastecida pelo Rio Tietê e localizada na divisa entre Salesópolis e Biritiba Mirim, apresentava volume de 99,68 há cinco anos e, agora, opera com 44,88% de sua capacidade.
A barragem de Biritiba Mirim, inicialmente projetada com a finalidade de controle da vazão do Rio Tietê, foi inaugurada no ano de 2005. É a mais nova de todo o sistema e, até mesmo por suas características, sempre se mantém com nível baixo. Em 2020 estava com 30,68% e hoje com 30,73%.
A barragem do Rio Jundiaí, localizada em Mogi das Cruzes, possui uma altura de 23 metros e seu reservatório possui uma área inundada de 1.080,99 hectares, com capacidade de 74,093 milhões de metros cúbicos de água. Há cinco, essa barragem apresentava 84,4% e agora está com 44,99%, uma redução assustadora de 39,5 pontos percentuais. Por fim, a barragem de Taiaçupeba estava com 79,61% de volume em 22 de março de 2o20 e, hoje, está com 43,16%.
A redução do volume das barragens preocupa especialistas. As mudanças climáticas colaboram para isso e os versos de Tom Jobim ´são as águas de março fechando o verão` já não fazem muito sentido. Mogi das Cruzes teve uma única chuva mais forte nesta segunda quinzena de março, insuficiente para a recuperação dos níveis das barragens que compõem o Sistema Alto Tietê. A solução, além de investimentos no setor, é a conscientização da população para a redução do uso dos recursos hídricos e implantação de ações que visam a economia de água.
Com medidas simples, é possível fazer todas as tarefas do dia a dia com menos água e assim contribuir com o meio ambiente. Segundo informações do Serviço Municipal de Águas e Esgoto (Semae), o chuveiro, por exemplo, é considerado um dos principais meios de desperdício. Durante o banho, desligá-lo enquanto se ensaboa o corpo pode representar uma redução de 80 litros de água consumida, dependendo do tempo de banho. Em um mês, são 2,4 mil litros de água (por pessoa) que deixam de ir desnecessariamente para o ralo.
Cinco minutos de torneira aberta na pia da cozinha ou no tanque consomem cerca de 50 litros (considerando uma vazão de 10 litros por minuto). Outras recomendações, não só do Semae como de muitas companhias de abastecimento, são fechar a torneira ao escovar os dentes, fazer lavagens de roupas sempre com a máquina cheia (apenas quando tiver carga suficiente para completá-la), além de identificar e reparar possíveis vazamentos internos.
Investimentos
O governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, anunciou, nesta sexta-feira, véspera do Dia Mundial da Água, que serão investidos R$ 11,6 milhões na ampliação da fiscalização realizada pela SP Águas, agência reguladora de recursos hídricos de São Paulo. Deste montante, R$ 8,6 milhões serão destinados à contratação de serviços de apoio à fiscalização, incluindo transporte para fiscais e uso de tecnologia de georreferenciamento de barragens; R$ 1,4 milhão no suporte ao sistema de outorga e fiscalização e R$ 1,6 milhão para a aquisição de equipamentos para fiscalização contínua. O investimento será realizado por meio do Programa de Fiscalização Continuada (Profisc), com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro).
O segundo anúncio refere-se ao monitoramento hidrológico, com investimentos de R$ 6,2 milhões, provenientes do Fehidro, na modernização da Sala de Situação São Paulo, coordenada pela SP Águas. A Sala de Situação integra informações sobre as condições de chuvas, cotas e vazões de rios, balanço hídrico e níveis dos principais reservatórios, oferecendo subsídios para a tomada de decisões estratégicas, visando minimizar os efeitos de situações hidrológicas críticas, como secas e inundações, e promovendo a gestão sustentável dos recursos hídricos.
A modernização permitirá uma análise mais robusta e ágil das informações, facilitando respostas mais rápidas e eficientes em cenários críticos. Com esse diagnóstico, órgãos como a Semil, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, prefeituras e concessionárias podem preparar com mais assertividade ações de mitigação de eventos climáticos extremos.
Complementando as melhorias em monitoramento, estão sendo investidos R$ 23,3 milhões na instalação de novos radares meteorológicos, com recursos oriundos do Fehidro e do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, fortalecendo os sistemas de alerta para tempestades e enchentes. O Estado também anunciou investimentos em barragens de São Paulo, mas não incluiu o Sistema Produtor Alto Tiete.