Silvia Chimello
Moradores da Vila Oliveira que têm animais de estimação estão preocupados com o aumento do número de casos de envenenamento que têm levado cães e gatos à morte após passeios pelo bairro. Alguns animais com suspeitas de intoxicação conseguiram sobreviver após passarem por internação, mas a situação é preocupante.
O analista de sistemas aposentado Jorge Tripode, residente no bairro, suspeita que moradores estejam jogando veneno nas ruas e em alguns locais para eliminar saruês, mas acabam afetando os pets. Esses animais, conhecidos também como gambás, costumam aparecer nessa região durante a primavera. Porém, em vez de serem eliminados, deveriam ser preservados, pois ajudam a controlar pragas e peçonhentos, como escorpiões e aranhas.
Uma moradora, que acolhe animais abandonados, perdeu um dos três cães que apresentaram sinais de envenenamento após um passeio. Eles foram encaminhados a uma clínica veterinária e diagnosticados com intoxicação. Dos três, os dois mais jovens sobreviveram, mas o mais velho não resistiu.
Em outro caso, uma tutora que reside na rua João Dasambiagio, também observou sintomas de envenenamento em seu cachorro de pequeno porte, que também foi diagnosticado com intoxicação e precisou de internação após um passeio pela região.
Outros moradores relataram o desaparecimento ou adoecimento de gatos que circulavam pelo bairro. São vários relatos em grupos de WhatsApp, especialmente de residentes próximos à Avenida Dom Paulo Rolim Loureiro. Tripode conta que um gato que frequentava sua casa diariamente desapareceu nos últimos dias, e suspeita que também tenha sido vitima de envenenamento.
Tutores relatam casos de gatos que morreram ou desapareceram (Foto: Jonny Ueda)
Durante uma visita ao bairro, a reportagem da Vanguarda flagrou um morador próximo a rua Josefina Ariza, nas imediações do Supermercado Alabarce, aplicando veneno na guia e calçada com uma máquina de pulverizar. Ele disse que estava aplicando o produto para combater baratas, ratos, pragas e plantas invasoras. Segurança da região confirmou que já viu outras pessoas naquela área adotando essa mesma prática.
O problema é que esses cidadãos não consideram os riscos para os animais que passeiam ou se alimentam de plantas nas ruas. Tripode espera que a divulgação do problema conscientize a comunidade do bairro sobre os riscos dessas ações.
A vereadora Fernanda Moreno (MDB), que atua em defesa dos direitos dos animais, foi acionada por tutores de cães e gatos para ajudar a realizar uma campanha de conscientização, com o objetivo de evitar novas mortes de pets no bairro.
Ela confirmou que pretende promover uma ação nos próximos dias, com distribuição de panfletos e conversas com moradores sobre o assunto.
Cabe destacar que envenenar animais é crime. Além disso, a preservação dos saruês também é fundamental para o equilíbrio do meio ambiente, pois além de dispersarem sementes, ajudam a controlar escorpiões, aranhas e diversas pragas que transmitem doenças. Respeitar todas as formas de vida e proteger nossa fauna é responsabilidade de todos.
Saruês
Os gambás brasileiros, também chamados de saruês, são marsupiais, como os cangurus, com uma bolsa na região abdominal das fêmeas onde os filhotes completam seu desenvolvimento. Com a chegada da primavera, época de reprodução e amamentação, esses animais são vistos com maior frequência nas áreas urbanas.
A gestação dos saruês dura cerca de 15 dias, e cada ninhada pode ter de 4 a 14 filhotes. Após esse período, os filhotes vão para a bolsa da mãe e, mais tarde, agarram-se às suas costas. Durante a amamentação, as mães saem em busca de alimentos e, por precisarem de mais energia, tornam-se mais lentas, aumentando o risco de acidentes. Por isso, motoristas devem redobrar a atenção ao trafegar próximos a praças e parques.
Esses animais podem entrar nas residências em busca de alimentos ou de locais seguros para fazer ninho, como os forros das casas. Sua conservação é importante também para os humanos, pois controlam pragas que podem transmitir doenças, como ratos, baratas, escorpiões, carrapatos e até cobras. Além disso, alimentam-se de frutos e ajudam a dispersar sementes.
Caso encontre um saruê ferido ou que precise de cuidados, entre em contato com o órgão ambiental do seu município para receber orientações.
