
Por Sabrina Pacca
Durante a sessão ordinária desta quinta-feira, na Câmara Municipal de Mogi das Cruzes, o vereador Otto Rezende (PSD) apresentou uma indicação para que a prefeita Mara Bertaiolli ´adote de medidas necessárias visando a adesão da Rede Municipal de Ensino ao Programa Escola Cívico-Militar do Estado de São Paulo`. O pedido, que foi aprovado com três votos contrários, gerou polêmica.
Na indicação, Otto afirma que ´para ser implantado, o Programa Escola Cívico-Militar precisará passar pelo consentimento das comunidades escolares, que serão consideradas por meio de consultas públicas`. ´O programa prevê que pais de alunos e professores sejam ouvidos para definir sobre a transformação da instituição em escola cívico-militar com policiais militares da reserva atuando na disciplina e no civismo, sem impacto na parte pedagógica`, diz o vereador, no documento.
Em Plenário, Otto salientou que algumas escolas do Estado, em Mogi, manifestaram a vontade de participar do projeto, o que não foi para frente, mas que ele pensa que terão bons resultados no futuro: ´O governador Tarcísio retomou esse assunto para melhorar Ideb e já está tendo adesões. Em Mogi, nove escolas (estaduais) querem isso. Já mostrou eficiência com ensino e metodologia`, ressaltou o vereador.
A vereadora Inês Paz (Psol) pediu a palavra para dizer que é professora da educação pública e que a missão da escola pública é promover a aprendizagem, a formação de cidadãos, contribuindo para uma sociedade mais justa e fraterna. ´Agora vou ler a missão da escola cívico-militar, que diz que é mais uma alternativa para contribuir com a qualidade de ensino da educação básica, além de proporcionar aos alunos, professores e funcionários um lugar mais seguro. Ou seja, vai pagar para militar para dar ensinamentos de disciplina militar, mas isso não combina com a educação. Sou favorável que se criem escolas militares independentes para quem quiser, mas que não transforme as nossas escolas públicas nisso. A prefeita Mara é uma educadora e espero que ela não leve isso à diante e não transforme nossas escolas municipais em escolas cívico-militares`, disse a vereadora, lembrando que a Apeosp já conseguiu liminar contra a implantação dessa proposta numa escola estadual da Cidade.
A discussão acabou indo para uma questão partidária, mas se manteve respeitosa. ´O vereador Otto diz que militar é um exemplo, mas eu disse que não, porque tem um monte de general preso. O próprio ex-presidente praticamente foi expulso das forças armadas e está na iminência de ser preso. Quem achar que a carreira militar é um caminho, que coloque seu filho na carreira militar, mas não é correto pegar uma escola civil e tentar transformá-la numa escola militar`, destacou iduigues Martins (PT).
Rodrigo Romão também se manifestou. Ele noticiou que viu uma matéria do UOL em que um recruta do exército foi espancado com madeiradas no glúteo. ´No caso de desobediência de um aluno na escola cívico-militar, isso vai acontecer? Vão encher de madeirada aquela criança ou adolescente? Qual a formação pedagógica daquele militar que vai estar dentro da escola?`, questionou o vereador.
´Nove escolas (estaduais) de Mogi desejam tentar um tipo de ensino diferente e acho que tinha que ser tentado ao menos, num projeto piloto. Se melhorar, e sabemos que vai melhorar, os vereadores que foram contra podem mudar de ideia e quem sabe colocamos em todas`, concluiu Otto.