Funcionários comissionados da Prefeitura de Mogi das Cruzes procuraram o advogado Marco Soares para relatar ameaças e perseguições, caso se recusem a trabalhar em prol da campanha do candidato à reeleição Caio Cunha e seu vice, Joel Chen. Segundo eles, a coordenação da campanha do prefeito, bem como secretários municipais, diretores e adjuntos, os obrigam a serem cabos eleitorais sob forte ´terrorismo` e abuso de poder. Soares adiantou para a reportagem da Vanguarda que irá tomar uma providência jurídica contra os candidatos.
Um das muitas mensagens que o advogado recebeu fala que Caio e Chen exigem e acuam os subordinados em cargos de confiança. ´Nesta campanha política, a equipe do prefeito Caio Cunha, principalmente secretários, diretores e adjuntos, tem (sic) forçado a barra e usado muito do abuso e do famoso terrorismo`, denunciou o colaborador.
´Somos forçados a preencher formulários, se não há consequências. Formulários para sermos voluntários, participarmos das campanhas e por aí vai. Absurdamente, estes cadastros pedem nome, telefone, registro geral de funcionário, RG, CPF, cargo, secretaria a qual pertencemos e até endereço e CEP`, relatou um dos denunciantes.
Outra informação é a de que os funcionários estão sendo acuados pelos seus superiores a frequentar as reuniões de campanha de Cunha. `Eles colocam em cheque nossos cargos e gratificações. E, principalmente, nossa saúde mental e psicológica`, salientou um dos servidores.
Em uma mensagem de WhatsApp endereçada à Soares, que na última quarta-feira (11) publicou um vídeo em suas redes sociais denunciando o problema, um dos trabalhadores, que é funcionário público concursado, diz que alguns comissionados que trabalham com ele estão sendo obrigados a acordar de madrugada e a estarem às 4 horas da manhã na porta da Estação (ferroviária) de Jundiapeba para distribuírem panfletos. ´São filmados e fotografados pelos supervisores de campanha. Existe uma forma de chamada para comprovarem a hora que chegam. Eles precisam fazer uma selfie com os responsáveis pela campanha como prova`, alerta, ressaltando que, depois do expediente, os servidores ainda precisam trabalhar e, na saída da Prefeitura, têm de voltar à campanha. Tudo isso sob fortes ameaças.
´Vamos ingressar com uma ação porque essa situação não pode mais continuar. Os servidores estão sendo coagidos a participar desta campanha. Trata-se de mecanismo que ocorre de modo indireto, sob pena de haver a retirada da gratificação e/ou do cargo em comissão. Exige-se dos servidores o preenchimento de formulários do google forms, indicando até o local de votação, e diversas informações confidenciais que não deveriam ser objeto de qualquer campanha eleitoral. Além disso, além de serem obrigados a integrarem grupos de WhattsApp, tais servidores são pressionados a “voluntariem-se” na campanha, entregando folhetos nas ruas, etc, a fim de contribuir com o chefe do executivo nesta eleição. Tudo isso, é abuso do poder político e, obviamente, ilegal`, afirmou Soares, lembrando que todos devem denunciar os abusos com prints e demais provas do abuso.
A reportagem da Vanguarda procurou ouvir a Prefeitura Municipal sobre as denúncias, mas até a publicação desta matéria, não tivemos resposta do departamento de Comunicação – silêncio, aliás, que se tornou habitual nesta gestão. Caso haja um retorno de nossa demanda, atualizaremos a reportagem.