Silvia Chimello
Com a aproximação da temporada de chuvas, moradores de áreas vulneráveis em Mogi das Cruzes ficam apreensivos, temendo os efeitos das enchentes que historicamente afetam a Cidade. A previsão para os próximos dias indica pancadas de chuva, e, em Mogi, qualquer precipitação mais intensa já é suficiente para alagar diversos pontos, especialmente no centro e em diversos bairros cortados por córregos e pelo rio Tietê.
A Prefeitura lançou recentemente a “Operação Verão”, alegando que realizou a limpeza de bueiros e rios e veiculando até uma campanha publicitária em uma emissora local para tranquilizar a população quanto à manutenção preventiva. No entanto, ao percorrer a Cidade, é possível observar que os rios e córregos seguem tomados por vegetação, sedimentos e resíduos, o que sugere que a manutenção está longe de ser ideal.
As margens de alguns cursos d’água mostram sinais de abandono, com matagal denso que impede o livre escoamento e vazão das águas.
Pontos Críticos
Entre os pontos mais críticos atualmente estão áreas em César de Souza, perto do rio dos Corvos, na região do Clube de Campo, cortada pelo córrego Lavapés, ruas do centro e locais por onde passa o Rio Negro (imagem abaixo), além das áreas próximas ao rio Jundiaí, e especialmente os bairros atendidos pelo rio Tietê.
A Vanguarda recebeu imagens de moradores e percorreu alguns desses pontos, onde constatou as condições preocupantes dos rios urbanos em Mogi. Romildo Campelo, ambientalista e ex-secretário de Meio Ambiente de Mogi das Cruzes, analisou as imagens e fez algumas observações.
Ele diz que as imagens demonstram que a Prefeitura não fez lição de casa. “A situação de alguns córregos é preocupante, porque é possível observa uma grande quantidade de vegetação e acúmulo de terra, o que dificulta o escoamento da água e contribui para alagamentos da vizinhança”, observou.
Um exemplo claro disso, segundo ele, é o rio dos Corvos, em César de Souza, onde o mato tomou conta de parte do leito e bolsões de terra se acumulam. “Um local com risco acentuado de enchentes, porque a capacidade de vazão está comprometida pela vegetação e pela terra que se acumulou em seu leito”, explicou.
No trecho do Rio Negro, que passa pela Avenida Pedro Machado, e do rio Tietê, na região da Vila Industrial, as fotos mostram vegetação nas margens, uma situação que pode ser resolvida com um trabalho de limpeza antes da estação chuvosa.
Rio Tietê
A situação do Rio Tietê também é alarmante, especialmente nos bairros de César de Souza, Ponte Grande, além dos trechos que atravessam Braz Cubas e Jundiapeba. Embora a responsabilidade pela limpeza do Tietê seja do Estado, Campelo observa que cabe à Prefeitura fazer solicitações para que o trabalho seja realizado.
Apesar das alegações de que os bueiros foram limpos, a reportagem não pode confirmar, já que a Prefeitura não responde as demandas da Vanguarda. Segundo Campelo, se a limpeza dos bueiros foi de fato realizada, isso pode ajudar a reduzir o risco de enchentes. No entanto, ele destaca que a zeladoria da cidade está em baixa. “A qualidade dos serviços de zeladoria caiu bastante, há sujeira por toda a Cidade”, ressaltou.
A situação também pode ser amenizada com a colaboração por parte da população, que não deve jogar lixo nas ruas e especialmente nos córregos e rios, mas é preciso investir em campanhas de conscientização, um trabalho que não foi visto nesta gestão.
Campelo também critica essa falta de avanço em educação ambiental e a queda nos índices de coleta seletiva. “Hoje não temos coleta seletiva nenhuma, o que representa um retrocesso em relação aos avanços de gestões anteriores”, avaliou.