Por Silvia Chimello
O maestro Cleber Felipe Harmon, de Mogi das Cruzes, foi convidado para participar da 5ª Edição do Festival de Orquestras “Musa Del Gigante” na Guatemala. Ele será o único brasileiro a integrar o corpo pedagógico e a coordenação artística do evento, que ocorrerá entre os dias 25 e 30 de novembro, reunindo músicos de diversos países da América Central.
Aos 30 anos, Cleber tem uma trajetória marcada pela paixão pela regência e pelo compromisso com a educação musical. Sua jornada começou aos 10 anos, no projeto “Canarinhos do Itapety”, um dos mais antigos e bem-sucedidos programas culturais de Mogi das Cruzes. Fundado em 2002 e promovido pelas secretarias municipais de Educação e de Cultura, o projeto atende alunos da rede pública de bairros periféricos, oferecendo oportunidades de inclusão social com o canto coral como principal ferramenta de transformação.
Desde então, Cleber já se destacava por sua aptidão e paixão pela música. Aos 12 anos, iniciou os estudos em violoncelo, sob a orientação da professora Marla Alessandra e do músico Paulo Henrique. Ele considera o incentivo que recebeu nessa época fundamental para seu desenvolvimento musical, e destaca também o apoio da professora Simone dos Santos.
Com 14 anos, Cleber teve seu primeiro contato com a regência orquestral, incentivado pelo maestro Marcelo Jardim, seu professor na época, que o convidou a reger a “Nona Sinfonia” de Beethoven durante um show de Moraes Moreira. “Foi uma grande emoção. Minha mãe, que ajudava no projeto, não sabia que eu iria reger. Quando ela me viu, ficou emocionada. Esse momento me marcou para sempre”, recorda Cleber.
Apesar de enfrentar desafios com tendinite, que o afastaram da carreira de violoncelista, Cleber encontrou sua verdadeira vocação na regência. Em 2013, recebeu um convite do maestro Sérgio Werneck para assumir a direção artística do Coral Musicativa, um projeto independente consolidado em Mogi, que promove a inclusão musical sem exigir habilidades prévias.
O Coral Musicativa, que Cleber dirige há uma década, é inclusivo e aberto ao público, sem requisitos de experiência ou conhecimento musical. O coral, que existe há 31 anos, oferece espaço para qualquer pessoa desenvolver seu talento. Os ensaios ocorrem todas as segundas-feiras, às 19 horas, no prédio do Ciart, no centro da cidade. Cleber acredita que disciplina e paixão são os principais ingredientes para o aprendizado musical. “Não é preciso ter dom, mas sim vontade e disciplina para aprender”, afirma.
Além do Coral Musicativa, o jovem maestro é regente da orquestra “Minha Terra Mogi”, um projeto da Prefeitura voltado para a formação de crianças e adolescentes. Esse projeto contribui para a educação musical e oferece aos jovens a oportunidade de ingressarem na Orquestra Sinfônica Mogi, comandada pelo maestro Lelis Gerson, outra inspiração para ele.
Apesar de ter apenas 30 anos, o músico mogiano já acumula experiências nacionais e internacionais, tendo participado de importantes festivais como o Gramado In Concert, um dos maiores eventos de música clássica do Brasil, além de festivais no México e na Itália. Sempre com um olhar voltado para o futuro, ele traz suas experiências adquiridas em festivais e encontros internacionais para Mogi.
“Foi uma surpresa receber o convite para esse festival na Guatemala. Estou ansioso para compartilhar e, ao mesmo tempo, aprender com essa troca cultural. Levar o nome de Mogi a eventos internacionais é uma honra, especialmente por ser fruto de projetos culturais que promovem inclusão e enriquecem nossa comunidade. Sempre que participo de eventos fora, busco novos repertórios e conceitos para compartilhar com meus alunos. Essa troca enriquece nossa música e incentiva nossos jovens a seguirem seus sonhos”, enfatiza.
Apesar de estar à frente de dois grupos musicais em Mogi, Cleber continua tendo aulas, atualmente com o maestro Cláudio Cruz, outra de suas inspirações.
O jovem regente atua também como professor e maestro da Universidade Aberta à Integração (Unai) e recentemente tomou posse como membro da Academia Mogicruzense de História, Artes e Letras (AMHAL), tendo como patrono o Maestro Antônio Mármora Filho, pai do Maestro Niquinho, com quem mantém contato “para registrar o legado tanto da vida como das obras musicais”.
Cleber também se diz otimista com a nova gestão que assumirá a Cidade a partir de janeiro de 2025 e espera que futuros investimentos possam ampliar o atendimento e as oportunidades para mais crianças, adolescentes e jovens mogianos. Ele lembra seu próprio exemplo, lembrando que veio de família humilde, do Jardim Nova União, e como a música foi um diferencial em sua vida.